segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Vitória do Brasil

Contra a Corrupção


Traficante foi preso no dia 11, às vésperas da Operação Choque de Paz.
Secretário não descarta oferecer medida judicial para obter informações.

Do G1 RJ, com informações do Bom Dia Brasil

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O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse, na manhã desta segunda-feira (14), que pode oferecer proteção judicial para o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, para que ele contribua com a Justiça. O traficante, que é apontado como o chefe do tráfico na Rocinha, está preso desde o dia 11 de novembro.

"Seria uma oportunidade importantíssima o oferecimento de alguma medida judicial para que ele pudesse contribuir com a Justiça e, obviamente, com a polícia. Qualquer tipo de palavra ou assunto no depoimento dele vai ser minuciosamente [analisado]", afirmou Beltrame nesta manhã em entrevista ao Bom Dia Brasil.

Segundo Beltrame, mesmo que o tráfico de drogas continue na Rocinha após a ocupação policial realizada no domingo (13), haverá também a presença da polícia e o acompanhamento da situação. "Nós vamos acompanhar essa migração. Muitos dizem que há uma migração, mas o que há na verdade é somente o deslocamento de lideranças, já que a maioria das pessoas que trabalha no tráfico não tem nem condições de sair dali", disse.

Ele afirma também que é possível que milícias tentem atuar nos locais antes ocupados pelo tráfico de drogas. "Nós não podemos deixar de não pacificar a Rocinha, de não pacificar o Alemão, com medo da corrupção", afirmou Beltrame. "Agora, cabe a nós também observar para que não haja corrupção e para que não haja milícia"

Rendição
Sobre as negocipações para a rendição de Nem antes e após a prisão dele, Beltrame afirmou que vai investigar o motivo pelo qual o traficante escolheria uma determinada delegacia para se entregar.

O secretário disse também que a possibilidade de rendição de criminosos não deve ser descartada. “Nós não podemos desprezar a possibilidade de rendições, mas em contrapartida nós não podemos ceder a dar condições, porque render-se é um ato voluntário. Nós não podemos desprezar a possibilidade de uma pessoa como o Nem, na época, demonstrar isso”.

Para o secretário a Operação Choque de Paz foi "um trabalho de inteligência e não de guerra" e a relação da sociedade com a polícia melhorou. "A figura da secretaria e do secretário e também das instituições melhorou muito, mas ao longo do tempo, do passado, eu acho que a sociedade se afastou da polícia e a polícia se afastou da sociedade. Isso não foi em vão, até pelas ações que não tinham muito planejamento das polícias. Acho que essas instituições muitas vezes eram jogadas a ações de guerra, ao invés de serem feitas ações de prestação de serviços".

Movimentação na Rocinha
Na manhã desta segunda-feira (14), a movimentação na Rocinha é tranquila. No Largo do Boiadeiro, é grande o número de pessoas que saem de casa para trabalhar. Policiais permanecem no local, distribuídos pelos principais acessos à comunidade. As escolas seguem fechadas e só devem reabrir na quarta-feira (16).

O trabalho de revista dos moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, que foi interrompido durante a noite deste domingo (13), foi retomado nesta manhã. A polícia também faz a varredura nessas comunidades, à procura de traficantes, drogas e armas.

Segundo Beltrame, por se tratar de uma área muito grande, ainda há muitos pontos a serem vasculhados. Mesmo após a prisão de Nem, a polícia acredita que cerca de 200 criminosos ainda podem estar escondidos na Rocinha. "É no mínimo temerário dizer que não tem mais ninguém naquele lugar. E o objetivo da polícia estar num lugar desse de uma forma maciça é exatamente no sentido de identificar estas pessoas ou qualquer outro equipamento criminoso que eles, por ventura, eles possam ter”, disse Beltrame.

Operação
No domingo (13), durante o primeiro dia de ocupação nas três comunidades, a polícia prendeu quatro pessoas, apreendeu 20 pistolas, 15 fuzis, duas espingardas e uma submetralhadora, além de 20 rojões e três granadas. Parte do armamento encontrado estava enterrada em uma viela da Rocinha.

Foram localizados tabletes de maconha, pasta base de cocaína, além de máquinas caça-níqueis, bombas artesanais, uma farda do Exército e uma camisa da Polícia Civil. Policiais militares e federais acharam, com a ajuda de cães farejadores, ossadas enterradas no alto da favela do Vidigal. Eles receberam informações de moradores.

Favelas tomadas após 2 horas e sem disparos
A retomada das favelas pelas forças de segurança começou por volta de 4h. A ação durou 2 horas e não houve troca de tiros. A megaoperação reúniu 3 mil homens das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de 194 fuzileiros navais, 18 veículos blindados, 4 helicópteros da PM e 3 da Polícia Civil. Os helicópteros jogaram panfletos com números de telefones para denúncias.

As equipes entraram na Rocinha por seis acessos importantes da comunidade: Via Ápia, Terreirão, Roupa Suja, Estrada da Gávea, Laboriaux e Um Nove Nove, além de dezenas de pontos na mata.

Outros 1,3 mil homens se espalharam por toda a cidade. Foram montados bloqueios nas principais saídas do Rio.

Na Rocinha, homens do Bope usaram um trator para recolher motos roubadas que tinham sido abandonadas na rua. No Vidigal, colchões queimados e óleo jogado na pista, além de lixo e uma televisão, foram alguns dos obstáculos usados por criminosos para tentar impedir a retomada do território (Veja vídeo acima).

Às 6h08, pouco mais de duas horas depois do início da operação, segundo a Secretaria de Segurança, o território de 840 mil m2 da Rocinha e os 70 mil moradores estavam livres do domínio dos traficantes.

No início da tarde, as bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro eram hasteadas nas favelas do Vidigal e da Rocinha para oficializar a retomada do território. No Vidigal, a informação é de que 160 homens do Batalhão de Choque vão permanecer na comunidade até que a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) seja implantada.

A polícia pede ainda que a população continue colaborando, dando informações sobre criminosos, armas e drogas escondidos nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. "Denunciem e ajudem. A população pode ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 para nos ajudar a localizar criminosos, armas e drogas. Permaneceremos nas comunidades por tempo indeterminado", frisou o chefe de Estado Maior Operacional da Polícia Militar, coronel Pinheiro Neto.

Fonte: G1

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