terça-feira, 18 de outubro de 2011

Orlando Silva dá nova explicação e chama autor das denúncias de ladrão

Foto Correio
O ministro do Esporte, Orlando Silva, desqualificou na tarde de ontem as acusações de que teria recebido recursos desviados do principal programa da pasta, o Segundo Tempo. É a segunda vez em menos de 48 horas que o ministro vem a público para se explicar sobre o episódio. A primeira ocorreu no sábado após a publicação de reportagem com as acusações feitas pelo policial militar João Dias Ferreira. Na ocasião, o ministro estava em Guadalajara, onde participou da abertura dos Jogos Pan-Americanos.

“Repudio veementemente as falsidades publicadas na reportagem no último final de semana. É inaceitável que mentiras feitas por gente desqualificada, cuja fonte são bandidos, pessoas criminosas, possam ter a repercussão que teve”, disparou o ministro ao se referir às denúncias.

Antes de falar com a imprensa, Orlando Silva se reuniu no Palácio do Planalto com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Segundo o ministro do Esporte, o encontro serviu para “nivelar informação”.

Ao longo da coletiva de imprensa, Orlando subiu o tom e chamou o soldado da PM de “delinquente” e “ladrão”. “Não houve, não há e nem haverá nenhuma prova falada por esse criminoso”, assegurou Orlando. O policial também acusa o ministro de ter recebido dinheiro desviado do programa do Segundo Tempo, na garagem do ministério. O dinheiro teria sido entregue por um funcionário do PM, o motorista Célio Soares Perreira.

“Essa pessoa, não faço a mínima ideia de quem seja. Nunca vi essa pessoa”, ressaltou Orlando ao falar sobre o motorista. O ministro foi enfático ao afirmar que vem tomando medidas para conter desvios de recurso no programa Segundo Tempo. Entre as iniciativas está a que acabou com acordos com as ONGs. “Apenas convênios com entes públicos serão assinados com o programa Segundo Tempo”, explicou o ministro.

A expectativa é que no primeiro semestre de 2012 todos os convênios feitos pelo ministério com ONGs tenham sido extintos. Além das medidas em relação ao programa, Orlando Silva também anunciou que pediu investigação do caso à Comissão de Ética Pública da Presidência, à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal. Na tarde de hoje, o ministro também vai ao Congresso para prestar esclarecimentos aos parlamentares.

Segundo o ministro, ele é alvo de retaliação feita em razão de ter suspendido em 2010 o pagamento de dois convênios realizados entre o ministério e a ONG do PM no valor de R$ 2,9 milhões. João Dias Ferreira é réu em ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, em razão das irregularidades na execução dos convênios já denunciadas pelo Ministério do Esporte.

Boa-fé
Questionado por que foi fechado um contrato com a entidade de João Dias Ferreira, Orlando disse que na época o policial militar havia sido apresentado pelo então ministro Agnelo Queiroz. “Ele era o ministro e eu era o secretário executivo.

Isso é uma recomendação do ministro, que recebesse uma entidade representativa de um determinado seguimento que possuía projeto social. Digo que é boa-fé porque não quero crer que o governador de Brasília de hoje tivesse qualquer informação sobe a conduta dessa pessoa que fosse desabonadora.”

Em entrevista ao Correio, Dias afirmou que Orlando propôs acordo para que o soldado não tornasse públicas denúncias de captação ilegal de dinheiro para o partido. A “trégua” teria sido proposta em uma reunião — fora da agenda — em março de 2008 no gabinete do ministro. “Era para eu ficar calado que ele (Orlando) teria como identificar as pessoas que fizeram os relatórios fraudulentos dentro do próprio ministério.” Foi neste mesmo dia, segundo Dias, que um novo documento foi “fraudado” e outro produzido para que ele protocolasse na Polícia Militar do Distrito Federal. O ministro nega que o ministério tenha “voltado atrás” nas denúncias feitas na Corregedoria da PM. O soldado João Dias afirma ainda que esse não foi o único encontro entre ele e Orlando. O ministro teria comparecido também a eventos públicos das entidades do PM.

PSDB defende afastamento
O PSDB defendeu o afastamento imediato do ministro do Esporte, Orlando Silva, para que explique as denúncias de desvio de recursos públicos. Os tucanos classificam o caso como grave e, segundo o partido, pode comprometer a imagem do governo e do país, responsável pela organização da Copa do Mundo de 2014. A legenda afirma que “este evento mundial, crucial para a consolidação do Brasil lá fora, está sendo organizado de forma desastrada e, com episódios como este, pode ter seu brilho maculado”. Assinada pelo presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), a nota do partido critica a presidente Dilma Rousseff, dizendo que a “faxina” que "se dispôs a fazer no governo do PT não se confirmou, nem teve consequências”.

Informações: Correio Braziliense

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